ANA RIEPER / BRASIL, 2011 / 76 MIN.
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Mais do que simplesmente falar da música brega – adjetivo
que pode englobar um amplo leque de subcategorias – o documentário de Ana
Rieper é uma viagem pela natureza sentimental brasileira. O que pode ser mais
brasileiro que a simplicidade de paragens precárias, bares, prostíbulos, casas
semiacabadas e dores sentimentais? E qual música melhor representa este
sentimento, quando a pobreza se mistura à infelicidade no amor?
Ao buscar histórias de vida cujos fatos se relacionam com as
melosas e doloridas letras das canções bregas, o filme faz um retrato que
evidencia que na dor da “cornitude” e no fogo da paixão, não se distingue
pobres de ricos. Como afirma Lindomar Castilho, ao dizer que quando se leva um
“pé na bunda”, tanto o pedreiro quanto o médico choram e sofrem do mesmo jeito.
Vou Rifar Meu Coração,
título que se refere à letra de uma das mais conhecidas canções do gênero, é
composto de retratos e canções. São histórias de perda, dor, traição e
situações absurdas. Essas histórias se emolduram pelas canções e pelos
depoimentos de nomes de relevo desse universo artístico. Amado Batista,
Lindomar Castilho, Aguinaldo Timóteo, Wando, Nelson Ned, entre outros,
exemplificam e explicam a natureza sincera e arrebatadora de suas canções.
Acusado de machista pelas eternas e ridículas patrulhas dos
bons modos, o filme traz na verdade uma carga de sinceridade difícil de se ver
no cinema. Sem julgamentos, apresenta o afetivo que reside na memória de nossa
simplicidade. Suas histórias, sofridas e engraçadas ao mesmo tempo, são o
reflexo de nossa condição mais verdadeira, na qual o tesão, a paixão e o amor
derramado não encontram barreiras de classe.
Nos igualamos, sempre, pelo sentimento doloroso do amor.
Pelo sentimento doloroso da perda. Pelo sentimento doloroso da um cancioneiro
que se pode negar, mas do qual não se pode fugir. Porque está em todos nós.
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