Em uma concorrida sessão da Mostra Internacional de Cinema
em São Paulo, Selton Mello exibiu seu novo trabalho na direção, o filme O Palhaço.
A exibição ocorreu na última
segunda-feira (24), no Cine Livraria Cultura, e obteve uma calorosa recepção do
público, que lotou o cinema e aplaudiu muito no final.
Ao lado de grande parte
do elenco, Selton apresentou o filme à plateia e
voltou após a exibição para conversar com o público.
Diferente de seu primeiro filme, o denso e amargo Feliz Natal (2008), O Palhaço é um
filme que transborda lirismo e poesia. A melancolia continua presente, mas desta vez
vem cercada pelo encanto do circo e recheada com humor sensível e delicado.
Selton disse que sua intenção foi fazer um filme sonhador e cheio de delicadeza. “Eu
sinto falta disso como espectador de cinema”.
Como é quase impossível fazer um filme sobre o circo sem se
livrar do fantasma de Fellini, Mello afirma que as referências em seu filme
existem naturalmente e que o grande desafio foi contar sua história de um jeito
próprio, com a cara que ele queria.
“Você sempre resvala em Fellini e aí tem
que ficar driblando ele nas imagens, driblando o Nino Rota na trilha, porque a
força imagética que o Fellini imprimiu com o circo é muito forte.”
“Mas existem outras referências”, ressalta Selton Mello. “É
curioso que todo mundo fala de Fellini, mas poucos identificam que no filme tem
muito de Ettore Scola, ali tem um pouco de A
Viagem do Capitão Tornado (1990), de Feios,
Sujos e Malvados (1976)”.
Selton conta que sempre sonhou em fazer
um filme para o grande público, mas com camadas sensíveis de entendimento, algo
popular que não perdesse a ternura.
“É um caminho do meio, que não vejo ninguém
fazendo hoje. O cinema nacional ou é muito radical ou é muito popular. Mas será
que não é possível fazer um filme que se comunique bastante e que seja sensível?”,
questiona o diretor.
Sobre o humor em O Palhaço, diz que havia uma vontade muito grande de fazer algo sutil. “É um humor que não força a barra, que não arranca o riso a
fórceps, como acontece muito hoje.”
Quando perguntado que outras
influências que o filme poderia ter, Selton Mello foi direto: “Didi Mocó”.
Ele conta que entre suas principais memórias afetivas estão
as idas ao cinema com a mãe, quando viam até três sessões seguidas do mesmo
filme dos Trapalhões. ”A gente levava sanduíche e fazia uma verdadeira farofada
no cinema.”
E completa com firmeza: “Adoro Scola, adoro Fellini, mas minha
grande influência para este filme se chama Didi Mocó Sonrisal Colesterol
Novalgino Mufumbo”.
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