LÚCIA MURAT / BRASIL, 2011 / 110 MIN.
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Um registro de família convertido em uma viagem cheia de
vida, liberdade e consequência. Em Uma
Longa Viagem, Lúcia Murat desencava sentimentos, memórias e doloridas
lembranças para compor um documento intenso e humano sobre um tempo e sobre a
aventura.
São três os personagens dessa história, mas apenas um é
vivamente representado. É dele que emana uma vivência única, tresloucada,
libertária. Mas que também o obriga a trazer na algibeira das experiências um
amargo reflexo das drogas: a esquizofrenia.
Lúcia, Heitor e Miguel são três irmãos que seguiram caminhos
diferentes na vida. Miguel se formou em medicina. Lucia, por envolvimento com
militantes de esquerda, acabou presa e torturada nos porões da ditadura. Heitor
viajou o mundo, provou todas as drogas exóticas e regressou esquizofrênico.
É a partir de cartas escritas por Heitor e recordações
afetivas ou doloridas de Lúcia que o documentário resgata a memória de um tempo
e de ocorrências que marcaram a família. Com inventividade e recursos visuais
cênicos simples, o filme nos insere na loucura de Heitor, em suas viagens pelo
mundo e pelas drogas. Pontuando os desvarios de Heitor, temos o depoimento
franco de Lúcia sobre sua penúria na prisão.
Uma Longa Viagem é
um documentário habilidoso em lidar com a narrativa. Tem na dedicada presença
cênica do ator Caio Blat sua cota de “ficcionalização” para dar vida ao
documento: cartas, pensamentos, reflexões. Fala de liberdade extremada, mas
também das consequências dela. Um filme envolvente, apaixonante, vivo.
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