domingo, 23 de outubro de 2011

CRÍTICA - Belleville Tóquio

BELLEVILLE TÓQUIO / ELISE GIRARD / FRANÇA, 2010 / 75 MIN.
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Permanecer ou partir. O trânsito entre uma escolha e outra é a linha que sustenta Belleville Tóquio, dirigido pela estreante em longa-metragem Elise Girard. O permanecer ou partir, aqui, não está presente como uma dúvida clara. É muito mais um estado de suspensão, um limbo inconveniente.

Julien (Jérémie Elkaim) é um crítico de cinema que antes de viajar para um festival diz à esposa, Marie (Valérie Donzelli), que há outra mulher sua vida. Diz a Marie que a ama, mas não há mais paixão. Quer um tempo para entender seus sentimentos. Pega de surpresa, Marie retarda a assimilação do rompimento, ao mesmo tempo em que descobre que está grávida. Quando Julien também descobre a gravidez, retorna.

Esse é o início de uma hesitante relação em que claramente não há mais amor, apenas uma substância viscosa que os envolve e mantém próximos. Algo em irreversível deterioração. O que ele têm não é mais uma relação, é uma doentia comodidade em não decidirem se ficam ou se partem.

Com algum humor, a narrativa trabalha esta relação através da fraqueza de ambos. Julien rejeita, inadvertidamente, Marie e sua gravidez, chegando a declarar asco por sua aparência. Mesmo diante de transtornos, recaídas na traição e uma clara infelicidade, Marie também não se define sobre a permanência de um relacionamento que a cada dia se deteriora.

Sem imergir no drama, mantendo um registro que se aproxima da farsa burlesca, o filme se mantém na superfície de uma história que parece tão indecisa em seus rumos e propósitos quanto o casal que retrata. Em meio a tanta hesitação, fica o irritante em dois personagens pelos quais é impossível sentir qualquer empatia. E um filme que quando se define, já deixou partir o interesse do espectador.
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