quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CRÍTICA - Os 3


NANDO OLIVAL / BRASIL, 2011 / 78 MIN.
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Ao abrir seu filme descrevendo o óbvio significado das palavras amizade, amor, paixão e tesão, o diretor Nando Olival nos lança de imediato um desnecessário clichê. Estreando na direção solo (ele codirigiu o longa “Domésticas”, ao lado de Fernando Meirelles), Olival se deixa levar por muitos lugares-comuns, que se repetem ao longo do filme, prenunciados desde a abertura.

É o caso, por exemplo, da narração feita por Rafael (Victor Mendes). Uma muleta explicativa que abre e pontua a narrativa com excesso de didatismo, explicando com alguma verborragia o que já está claro (ou poderia estar) na tela, através das imagens.

Recém-chegado a São Paulo para cursar a universidade, Rafael conhece em uma festa Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy). Também vindos do interior para estudar, entre eles apenas Cazé tem lugar definido para morar. Ele alugou o segundo andar de um velho prédio industrial desativado, no centro da cidade. Com espaço de sobra, convida os dois para morar com ele.

Uma regra é criada logo de início: durante os quatros anos de estudos não poderão se relacionar entre si. Com a concordância de todos, seguem vivendo juntos. Rafael, como narrador, vai explicando os altos e baixos da convivência até chegarem ao último ano. É quando apresentam um trabalho de conclusão que propõe um reality show online com vendas em tempo real. Um empresário que assistia à apresentação convida os três a realizarem o projeto com eles mesmos como participantes.

Os três resistem à ideia de início, mas acabam aceitando. Para aumentar a audiência do programa, criam por conta própria um roteiro para interpretarem diante das câmeras. Surgem então falsas intrigas, brigas e um inevitável triângulo amoroso. Porém, com sentimentos reais em jogo, os três passam a ter dificuldade em diferenciar o que é real e o que é simulação.

A boa química entre os três atores deixa os diálogos espontâneos, com naturalidade e fluidez. Mas não bastam para salvar o filme, que se perde nas inconsistências do roteiro, com uma pretensão de crítica à televisão que não se sustenta muito bem. Com os muitos clichês e um final bobo, o filme se torna uma colagem de ideias interessantes desperdiçadas pelo roteiro fraco.
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