domingo, 30 de outubro de 2011

CRÍTICA - Uma Longa Viagem


LÚCIA MURAT / BRASIL, 2011 / 110 MIN.
--
Um registro de família convertido em uma viagem cheia de vida, liberdade e consequência. Em Uma Longa Viagem, Lúcia Murat desencava sentimentos, memórias e doloridas lembranças para compor um documento intenso e humano sobre um tempo e sobre a aventura.

São três os personagens dessa história, mas apenas um é vivamente representado. É dele que emana uma vivência única, tresloucada, libertária. Mas que também o obriga a trazer na algibeira das experiências um amargo reflexo das drogas: a esquizofrenia.

Lúcia, Heitor e Miguel são três irmãos que seguiram caminhos diferentes na vida. Miguel se formou em medicina. Lucia, por envolvimento com militantes de esquerda, acabou presa e torturada nos porões da ditadura. Heitor viajou o mundo, provou todas as drogas exóticas e regressou esquizofrênico.

É a partir de cartas escritas por Heitor e recordações afetivas ou doloridas de Lúcia que o documentário resgata a memória de um tempo e de ocorrências que marcaram a família. Com inventividade e recursos visuais cênicos simples, o filme nos insere na loucura de Heitor, em suas viagens pelo mundo e pelas drogas. Pontuando os desvarios de Heitor, temos o depoimento franco de Lúcia sobre sua penúria na prisão.

Uma Longa Viagem é um documentário habilidoso em lidar com a narrativa. Tem na dedicada presença cênica do ator Caio Blat sua cota de “ficcionalização” para dar vida ao documento: cartas, pensamentos, reflexões. Fala de liberdade extremada, mas também das consequências dela. Um filme envolvente, apaixonante, vivo.
--

0 comentários:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.