sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ENTREVISTA – “Didi Mocó foi minha grande inspiração”, afirma Selton Mello


Em uma concorrida sessão da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Selton Mello exibiu seu novo trabalho na direção, o filme O Palhaço.

A exibição ocorreu na última segunda-feira (24), no Cine Livraria Cultura, e obteve uma calorosa recepção do público, que lotou o cinema e aplaudiu muito no final.

Ao lado de grande parte do elenco, Selton apresentou o filme à plateia e voltou após a exibição para conversar com o público.

Diferente de seu primeiro filme, o denso e amargo Feliz Natal (2008), O Palhaço é um filme que transborda lirismo e poesia. A melancolia continua presente, mas desta vez vem cercada pelo encanto do circo e recheada com humor sensível e delicado.

Selton disse que sua intenção foi fazer um filme sonhador e cheio de delicadeza. “Eu sinto falta disso como espectador de cinema”.

Como é quase impossível fazer um filme sobre o circo sem se livrar do fantasma de Fellini, Mello afirma que as referências em seu filme existem naturalmente e que o grande desafio foi contar sua história de um jeito próprio, com a cara que ele queria.

“Você sempre resvala em Fellini e aí tem que ficar driblando ele nas imagens, driblando o Nino Rota na trilha, porque a força imagética que o Fellini imprimiu com o circo é muito forte.”

“Mas existem outras referências”, ressalta Selton Mello. “É curioso que todo mundo fala de Fellini, mas poucos identificam que no filme tem muito de Ettore Scola, ali tem um pouco de A Viagem do Capitão Tornado (1990), de Feios, Sujos e Malvados (1976)”.


Selton conta que sempre sonhou em fazer um filme para o grande público, mas com camadas sensíveis de entendimento, algo popular que não perdesse a ternura.

“É um caminho do meio, que não vejo ninguém fazendo hoje. O cinema nacional ou é muito radical ou é muito popular. Mas será que não é possível fazer um filme que se comunique bastante e que seja sensível?”, questiona o diretor.

Sobre o humor em O Palhaço, diz que havia uma vontade muito grande de fazer algo sutil. “É um humor que não força a barra, que não arranca o riso a fórceps, como acontece muito hoje.”

Quando perguntado que outras influências que o filme poderia ter, Selton Mello foi direto: “Didi Mocó”.

Ele conta que entre suas principais memórias afetivas estão as idas ao cinema com a mãe, quando viam até três sessões seguidas do mesmo filme dos Trapalhões. ”A gente levava sanduíche e fazia uma verdadeira farofada no cinema.”

E completa com firmeza: “Adoro Scola, adoro Fellini, mas minha grande influência para este filme se chama Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo”.
--

0 comentários:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.